Há momentos em que tudo muda. Acontece alguma coisa, um clique, e o rio no qual sempre estivemos imersos começa a fluir em outra direção. Chamamos isso de crise. O protagonista desse romance é um jovem atento e vibrante, que achava que a ciência lhe daria todas as respostas, mas se vê diante de um muro de perguntas. Com ele estão Lorenza, que sabe esperar, Novelli, que estuda a forma das nuvens, Karol, que encontrou Deus onde não o estava procurando, Curzia, que anseia, Giulio, que não sabe como falar com seu filho. A crise de que trata esse romance não é apenas a de um casal, talvez seja a de uma geração, certamente a crise do mundo que conhecemos – e de nosso planeta. A magia de Tasmânia, a força com que ela nos atrai em cada página, é a refração natural entre o que está acontecendo fora e dentro de nós. Assim, até mesmo o fantasma da bomba atômica, que o protagonista estuda e reconstrói, torna-se um exorcismo: o apocalipse está nessa nossa luta e nos movimentos incontroláveis do coração. Pegando o bastão dos grandes escritores cientistas do século XX italiano, Paolo Giordano adentra os territórios mais interessantes do romance europeu desses anos, para aterrissar feliz e levemente em um lugar próprio, onde ele pode jogar com as dissimulações e a revelação de si, encarando seus próprios demônios e atravessando o medo.