Clássico da historiografia moderna, Rebeldes primitivos trata de uma das formas mais embrionárias de movimento social: o banditismo. Eric Hobsbawm destrincha com maestria o surgimento de rebeliões fascinantes e assustadoras da história europeia que, direta ou indiretamente, influenciaram o imaginário ocidental sobre poder, violência e justiça.
"Bandidos e salteadores preocupam a polícia, mas deveriam preocupar também o historiador social". Assim Hobsbawm inicia o estudo pioneiro sobre os movimentos sociais dos séculos XIX e XX e suas formas arcaicas: o banditismo do tipo Robin Hood, as máfias italianas, o anarquismo andaluz, as sociedades secretas rurais, os camponeses milenaristas, os motins e os tumultos urbanos pré-industriais, as seitas trabalhistas religiosas e o papel dos ritos em organizações revolucionárias e operárias primitivas.
A maioria dos fenômenos estudados aqui pertence ao universo não letrado: são manifestações de pessoas que não escreviam nem liam muitos livros, e muitas vezes eram analfabetas. Pré-políticos, esses movimentos sentiam dificuldade de articular suas ideias e ainda não haviam encontrado uma linguagem específica para expressar as próprias aspirações em relação ao mundo — o que não justifica o lugar marginal que o cânone historiográfico lhes reservou. Rebeldes primitivostornou-se um clássico justamente por não subestimar os oprimidos.